Difícil Caminho da Indústria

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A economia brasileira encolheu 3,7% em 2015. A indústria um dos setores que mais agrega vitalidade, tecnologia e empregos de qualidade, caiu 9% no mesmo ano, após uma retração de 3,2% em 2014. Voltou a ter uma participação no PIB equivalente àquela do governo Juscelino Kubitschek, segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

A indústria no Brasil, especialmente a de transformação, tem sido exposta a um ambiente hostil, que vem afetando seriamente sua competitividade. Sistema tributário complexo, alta carga de impostos, infraestrutura precária, baixo desenvolvimento tecnológico, custos trabalhistas crescentes e taxa de câmbio não só valorizada por longos períodos, mas especialmente instável, têm transformado o nosso país em um lugar caro para produzir.

Quando, sob essas circunstâncias, acontece um choque de demanda – como o que vimos no nosso período de lua de mel com o tripé mercado internacional de commodities aquecido, incorporação de vastos segmentos da população à força de trabalho e expansão de crédito –, o que ocorre é um aumento de salários e de preços. O setor de serviços, que hoje já representa cerca de 70% do nosso PIB, tende a ser resiliente a um processo destes, uma vez que não sofre concorrência de substitutos do mercado internacional.  Consegue repassar os aumentos de custos aos preços. Já a indústria, ao mesmo tempo em que esteve exposta a essa pressão de custos, passou a sofrer crescente concorrência de importações a preços baixos. Especialmente da China, o que dificultou aumentos de preços e levou ao forte estreitamento das margens.

Para que a indústria pudesse absorver a pressão por aumentos de salários, proveniente do setor de serviços, teria que ter ocorrido equivalente aumento da produtividade da mão de obra industrial – o que, sabemos, não ocorreu: ela caiu em média 0,1%, nos últimos 20 anos.

Enquanto não houver maior previsibilidade no ambiente político institucional, uma razoável estabilidade cambial e a retomada da pauta das reformas que indique a recuperação da competitividade do país e a perspectiva de retorno para os investimentos industriais esse importante setor, o que mais agrega produtividade à economia, continuará com dificuldades crescentes de dar a sua contribuição ao nosso processo de desenvolvimento.