Cada coisa no seu lugar

O Brasil parece ter se acostumado à ideia de que a sociedade deve estar a serviço do setor público. Yoshiaki Nakano, diretor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), afirma que para sairmos do atual atoleiro precisamos alterar profundamente a dinâmica do setor público: “do modelo burocrático e anacrônico para um modelo de gestão por resultado, em que custos e produtividade passem a ser referências fundamentais na gestão pública”. Diz, ainda, que “o salário do setor público é pelo menos duas vezes maior do que no setor privado e a ineficiência na produção de serviços públicos é gritante”. Aliás, segundo Armando Castelar Pinheiro, do Instituto Brasileiro de Economia/FGV, o Estado tem duas faces distintas: uma moderna, que cobra os tributos, e outra antiga, que presta os serviços à sociedade.

Ciente dessa dicotomia, o Movimento Brasil Eficiente (MBE) já chegou a propor criação de uma Secretaria de Gestão da Despesa Pública, com remanejamento de funcionários para que, espelhada na Secretaria da Receita Federal, procurasse imprimir aos gastos do governo a mesma eficiência que existe na arrecadação de impostos. O que evoluiu para a defesa da ideia de criar uma Instituição Fiscal Independente (IFI), a exemplo do que realizaram com sucesso países como Alemanha, EUA e Grã-Bretanha. Chamada aqui de Conselho de Gestão Fiscal, a proposta já foi aprovada por unanimidade no Senado (PLS 141/14) e tramita agora na Câmara dos Deputados (PLP 210/2015). É instituir o que já se mostrou eficaz para qualificar e disciplinar os gastos públicos, especialmente da União.

O economista Paulo Rabello de Castro, coordenador do MBE, fez uma analogia oportuna acerca do ajuste que vinha sendo proposto pelo governo provisoriamente afastado: “Trata-se de uma austeridade estéril e falsa” – porque se baseia, sobretudo, na elevação de tributos. Ora, a verdadeira austeridade é outra coisa: é gastar menos no governo, ou, no mínimo, controlar o avanço do gasto pelo ritmo de crescimento do PIB e das disponibilidades do contribuinte. Ser austero é conter o gasto corrente e liberar recursos para investimentos, resgatando a capacidade de crescer”. Não faria sentido que mais uma vez o país se ajustasse para carregar o setor público. Os recentes aumentos nos gastos propostos pelo novo governo preocupam, como também preocupam resistências a mudanças imprescindíveis. Tomara que o Congresso também faça a sua parte e que segmentos mais ativos da sociedade não desprezem os interesses maiores do país e a sustentabilidade de suas propostas.

*Escrito por Carlos Rodolfo Schneider
Publicado originalmente em 14/07/2016
Fonte: A Notícia.

Prêmio Nacional de Inovação

A Cia. Industrial H. Carlos Schneider (Ciser) foi fundada em 1959 por Carlos Frederico Adolfo Schneider para atender os clientes da Casa do Aço, loja de ferragens e ferramentas que a família Schneider possuía desde 1881.
O caminho trilhado nesses anos de história fez com que a Ciser se firmasse como a maior fabricante de fixadores da América Latina. Atualmente, a capacidade produtiva da empresa é de 6 mil toneladas por mês e os seus 27 mil produtos atendem a 20 mil clientes em mais de 20 países.
Aproximadamente, 1.500 colaboradores estão divididos entre a Ciser Parafusos e Porcas, em Joinville-SC, Ciser Automotive, em Sarzedo-MG, Ciser da China e Ciser do Peru.
A companhia completou 56 anos de fundação em 2015 e seus produtos atendem a diversos segmentos como metalomecânico, construção civil, estruturas metálicas, automotivo, linhas branca e marrom, petróleo e gás, eletrônica, varejo e atacado.
O crescimento da empresa, alcançando mercados cada vez mais exigentes, levou a Ciser a certificar-se na ISO 9001, ISO TS 16949, Diretiva Rohs, CQ19, entre outras.
A cultura empreendedora da Ciser tem seu foco em melhoria contínua e nasceu em 2003 com um projeto que perdura com sucesso ao longo desses 12 anos, denominado Grupo de Melhorias Ciser (GMC).
O GMC é formado por colaboradores que se reúnem para identificar, estudar e propor soluções para problemas específicos relacionados ao ambiente de trabalho, a processos produtivos e a à produtividade. A iniciativa “Um Toque na Cuca” da equipe de manutenção da empresa foi reconhecida na final estadual do Prêmio CNI/Fiesc, em 2009.
No ano de 2007, em posição de vanguarda no seu segmento, a Ciser destacava o princípio da inovação como elemento estratégico para o desenvolvimento de seus negócios dentro de seu modelo de gestão corporativo. A inovação passou a ser um de seus valores, norteando várias ações da companhia e com destaque em sua visão, que consiste em ser solução de classe mundial em fixadores e componentes metálicos, destacando-se pela confiabilidade, agilidade e inovação.
Em 2008, após um trabalho em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), foi criada a área de inovação com o objetivo de assumir a responsabilidade da elaboração de estratégias para implantação de um método de gestão para promover a inovação na Ciser.
Com o método definido, a empresa empenhou-se em articular uma rede de relacionamento com universidades e órgãos de fomento. O processo evoluiu rapidamente, tanto que ao final do mesmo ano obteve seu primeiro projeto aprovado em editais de fomento; ficou entre as 15 finalistas em prêmio de inovação para empresas de grande porte e conquistou o selo Anpei de empresa inovadora.
Em 2014, visando consolidar todas as iniciativas que fomentam inovação e melhoria contínua na empresa, foi criado o fórum de melhores práticas, momento em que representantes de diferentes áreas de empresas se reúnem para apresentar seus trabalhos e projetos. No mesmo ano, a empresa inscreveu-se no Prêmio Nacional de Inovação e, em maio de 2015, foi reconhecida como vencedora da categoria gestão da inovação.
Nos planos para 2016 está a finalização da transferência para a nova planta localizada em Araquari, com mais de 90 mil metros quadrados de área construída.

Atual sede da Ciser

Atual Sede da Ciser
Fonte: Acervo da Ciser

Futura sede da Ciser

Fonte: Acervo da Ciser
Fonte: Acervo da Ciser

PROJETO VENCEDOR:

PROGRAMA NÚCLEO DE
INOVAÇÃO CISER

O pionerismo em ações inovadoras está presente na Ciser desde a sua fundação e vem sendo transmitido de geração em geração. É muito forte o engajamento das lideranças em prol das ações estratégicas para inovação, cujo exemplo vem do presidente, senhor Carlos Rodolfo Schneider, o filho do fundador da empresa. Esse engajamento se estende a um time de colaboradores que veste a camisa da inovação, fazendo o necessário para a empresa produzir mais e melhor com menos recursos, desenvolvendo inovações que possibilitem a conquista de mercados, pela oferta de soluções que tragam algo de novo ao fixador – presente há séculos entre nós.
A cultura da inovação foi fortalecida nos anos 1990, quando a Ciser implementou ferramentas da qualidade inspiradas nos manuais japoneses, como os Círculos de Controle de Qualidade (CCQs), que, em 2003, se consolidaram no programa Grupos de Melhorias Ciser (GMC).
Com esses grupos, os próprios colaboradores assumem parte da responsabilidade pela busca do aperfeiçoamento constante das operações – o que pode exigir desde pequenas alterações no uso de uma máquina até mudanças complexas em processos de produção. Além de benefícios em prêmios, os colaboradores que atuam nos grupos e se comprometem com a filosofia da empresa são reconhecidos publicamente – medida importante para a consolidação de qualquer cultura organizacional.
Os grupos conseguiram implantar na companhia a cultura pela busca de melhores práticas e para consolidar que a inovação é um processo contínuo. A equipe mostra que esse trabalho tem dia para iniciar, mas não tem uma data prefixada para terminar. Dizem, ainda, que eventuais insucessos devem ser vistos como oportunidades de aprendizado e de melhoria, nunca como fracassos.
O crescimento da empresa levou à necessidade de sistematizar essas ações inovadoras e nesse período uma mudança organizacional foi fundamentas para consolidar a Ciser como empresa inovadora.
A primeira mudança foi a revisão de identidade empresarial, com a introdução da inovação como um valor estratégico para nortear as suas atividades. Após isso, foi criada a área de inovação com o objetivo de gerenciar as iniciativas em inovação da empresa, seja em projetos internos, como também nas oportunidades do “portão para fora”.
Nessa fase de transição e de mudanças significativas foi fundamental a parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), para realização de um diagnóstico que ajudou a Ciser a definir e implantar um método de gestão alinhando todas as atividades de inovação na empresa.
O grande desafio está em estimular a criatividade dos colaboradores. Para ajudar a fomentar essa criatividade, a empresa promovo encontros com fornecedores e clientes, participação em workshops de inovação, mantém uma biblioteca com acervo acessível a toda empresa e também criou um portal da inovação na intranet para compartilhar notícias sobre o tema.
Na Ciser há vários canais para entrada de ideias e todas são centralizadas e aprovadas por um comitê de inovação formado por colaboradores da alta gestão da empresa.
As ideias são geradas internamente por meio dos canais de comunicação com universidades, clientes e inventores. A equipe interna é multidisciplinar e tem liberação para trabalhar quatro horas semanais em inovação. Posteriormente, as ideias são aprovadas por um comitê.
Na prática, o processo de inovação começa com discussões internas, que podem utilizar fontes de informações externas, em que surgem ideias de novos produtos e/ou processos, sendo estes submetidos à aprovação prévia tanto técnica como comercial, denominada viabilidade do negócio.
A partir dessa pré-análise, o projeto é submetido ao comitê de inovação que, após aprovar o projeto, designa o “padrinho do projeto”. Esse padrinho, em conjunto com o time de inovação, definirá todas as etapas do desenvolvimento, bem como cronograma de trabalho e custos envolvidos no projeto.
Durante o desenvolvimento, os projetos passam por simulações numéricas no intuito de verificar falhas e corrigir possíveis defeitos. Também contamos com uma estrutura interna de máquinas para fabricação de protótipos e com parceiras externas, quando, por exemplo, há necessidade de impressão de protótipos em 3D.
Ensaios mecânicos e químicos são realizados no nosso laboratório e análises mais específicas são realizadas em centros de pesquisa.

Equipe Ciser

Fonte: Acervo da Ciser
Fonte: Acervo da Ciser

Fluxograma do Método de Inovação Ciser

Fonte: Acervo da Ciser.
Fonte: Acervo da Ciser.

O desenvolvimento do projeto segue três stage gates principais: Fase Zero, Fase 1 e Fase 2.

  • A fase zero consiste na aprovação da ideia realizada pelo Comitê de Inovação.
  • A fase 1 é a aprovação da execução do projeto e construção de protótipo.
  • A fase 2 é a implantação do projeto.

Depois de implantado, é feito monitoramento dos resultados do projeto por três anos, sendo registrado como um produto de inovação.
Na Ciser, os colaboradores que se envolvem em projetos de inovação são reconhecidos de forma monetária pela aprovação da ideia, pelas horas utilizadas no desenvolvimento do projeto, pela finalização do projeto e com percentual de vendas da inovação.
Com o desenvolvimento do método de inovação na empresa, o faturamento anual de novos produtos passou a representar 12% do faturamento total, com o objetivo de chegar a 30%.

Fonte: Acervo da Ciser
Fonte: Acervo da Ciser

“Inovar é criar oferta de valor diferenciada tanto a partir dos processos atuais como na direção da fronteira do conhecimento.”
CARLOS RODOLFO SCHNEIDER
Presidente

Publicação dos Resultados Edição 2014/2015 – SEBRAE e Confederação Nacional da Indústria

Caminhos do Ajuste Fiscal

O Brasil tem sido o país do “sabe, mas não faz” em termos de políticas públicas. Conhecemos os caminhos, mas não temos tido vontade política ou capacidade de articulação para trilhá-los. A necessidade de ajuste fiscal vem sendo discutida já há alguns anos. De um lado, os que advogam pela solução simplista do aumento de impostos para fechar as contas – são os que, a pretexto de defender causas sociais, na verdade defendem privilégios e ineficiência nos gastos públicos. De outro lado, a sociedade, que reclama não haver mais espaço para aumento de tributos. Já temos a mais alta carga tributária entre os países emergentes e a pior relação no planeta entre tributos cobrados e serviços devolvidos à sociedade. Essa é uma evidência de que mais investimentos e melhores serviços públicos não dependem de mais impostos e, sim, de mais gestão.

Importante estudo realizado pelos economistas Alberto Alesina e Francesco Giavazzi, das Universidades de Harvard e Bocconi, concluiu que países que adotaram ajustes baseados em redução de despesas públicas, como Dinamarca e Reino Unido, tiveram recessões muito mais brandas nos anos seguintes – impacto praticamente nulo sobre o PIB nos três anos seguintes. Ao contrário dos que, a exemplo da Itália, escolheram o caminho do aumento de impostos, onde o impacto negativo na economia foi de 2% a 3%, para um ajuste de 1%.

E como bem disse o ex-ministro Antonio Delfim Netto, apoiador do Movimento Brasil Eficiente (MBE), o governo não conseguirá convencer a sociedade de que não há espaço para uma consistente racionalização das despesas públicas. Ele também atribui à exagerada transferência de recursos do setor privado para o setor público parte da responsabilidade pela redução do nosso crescimento econômico.

Além do que, aumentar impostos para fechas as contas é remediar, remendar. Precisamos atacar a causa do problema, que é o excesso de gastos do Poder Público. Só para recordar, uma vez que se discute novamente a necessidade de resolver o grave desequilíbrio da previdência social, no passado, já adotamos a solução simplista de criar novas fontes de receitas como a Cofins, que significa Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. Só protelou a solução e agravou o problema. Aparentemente, a nova equipe econômica tem isso claro.

*Escrito por Carlos Rodolfo Schneider
Publicado originalmente em 18 e 19/06/2016
Fonte: A Notícia.

Governo a serviço da sociedade

Uma das causas da recessão brasileira é a elevada taxa de juros. A mais alta do mundo. É fruto da total dissintonia que existia na área econômica do governo. De um lado, o excesso de gastos públicos correntes pressiona a inflação. De outro, o Banco Central aumenta os juros ou os mantem elevados para conter a inflação. Isto é, política fiscal frouxa requer política monetária austera. Por isso não deu certo a redução da taxa de juros promovida em 2014: faltou reduzir as despesas públicas para que a inflação não fugisse ao controle. Esse modelo tem vários significados.

Primeiro, socializa o custo de ajuste porque gera recessão. Para manter gastos poucos eficientes, obriga famílias e empresas a reduzirem gastos muita mais eficientes. E pior, reduz drasticamente a poupança interna e o nível de investimentos, tanto do poder público, quanto dos agentes privados, comprometendo seriamente a capacidade de crescimento do país. Segundo, que o governo vinha comendo por todos os lados para sustentar o crescimento de suas despesas: impôs uma perigosa rampa de crescimento à divida pública, que também paga os mais altos juros do planeta, além de ter levado a nossa carga tributária a 36% do PIB e a mais de 50% sobre o PIB marginal, a mais alta entre os países emergentes. E mais, o Brasil é o país com a pior relação entre impostos cobrados e retorno para a sociedade.

A sinalização é clara de que a preocupação primeira tem sido a manutenção e o bem-estar do poder público. Preocupação com a construção de uma economia forte e competitiva que possa gerar empregos e renda de forma consistente? Se sobrar espaço. Tanto que o ajuste fiscal proposto no governo anterior ia muito mais para o lado indecente do aumento de impostos do que para a austeridade do gasto público. Onde fica o impreterível esforço para o aumento da eficiência das despesas do governo, para que a partir daí se possa reduzir a carga tributária? A simplificação da caótica estrutura de tributos que inferniza a vida das empresas? O bom senso na concepção de Normas Regulamentadoras (as famosas NRs) do Ministério do Trabalho, que vem gerando custos incompreensíveis às empresas brasileiras? O equilíbrio da legislação ambiental, cujos excessos e o estranho efeito retroativo, paralisam e atrasam obras e punem aqueles que cumpriram a legislação anteriormente vigente? Isso, para ficar em alguns exemplos.

Diversos estudos já demonstraram que fazer o ajuste fiscal pelo lado da redução de gastos é muito mais eficaz do que pelo aumento dos impostos. Reduz a inflação, aumenta a efetividade da política monetária, estimula a atividade econômica, alavanca investimentos e resgata a confiança de famílias e empresas. O inverso é fazer recursos que rendem mais, renderem menos.
Interessante comparar o que fizeram com o Brasil e Peru nos últimos 15 anos, para entender por que estamos retrocedendo quando o nosso vizinho continua numa trajetória boa e firme. Enquanto nós expandimos os gastos sociais e o tamanho do Estado, eles optaram por investimentos em infraestrutura que geraram crescimento consistente, mais empregos, mais salários e um natural processo de inclusão social. A contenção de gastos públicos permitiu ao Peru manter uma carga tributária mais baixa, reestimulando investimentos, uma taxa de inflação sob controle, e, por consequência, taxa de juros também reduzida.

Além disso, o governo peruano trabalha para manter um ambiente de negócios atrativos. Enquanto o Brasil ocupa a 116a posição no ranking Doing Business, do Banco Mundial, o Peru ocupa a 50a. Isso tudo significa que o nosso vizinho se preparou, no período de vacas gordas das commodities, para tempos mais difíceis, que sempre vêm. Ao contrário do Brasil. Ajuda a explicar por que estamos em crise e eles não. Precisamos firmemente reduzir a distância entre o que o poder público nos cobra e o que nos devolve. Sem dúvida, mais investimentos e melhores serviços públicos não requerem mais impostos e sim mais gestão.

*Escrito por Carlos Rodolfo Schneider
Publicado originalmente em 09/06/2016
Fonte: Correio Braziliense.

PLANTAMOS UM MODELO, COLHEMOS UMA CRISE*

A nossa história mostra que o Brasil escolheu ter um Estado forte, ou melhor, grande. Que bom se fosse forte, com capacidade de oferecer à sociedade serviços públicos de qualidade e induzir o processo de desenvolvimento. Ao invés disso, temos um poder público pesado, obeso, lento e caro, que estrangula a sociedade para conseguir se manter. E, como diz o ex-ministro Delfim Neto, que há muito tempo não cabe no nosso PIB.

Pior, esse monstrengo continua crescendo sem parar. A Constituição de 1988 colocou fermento no bolo, criando uma série de direitos sem se preocupar com o equilíbrio fiscal. O inchaço a partir daí foi financiado, num primeiro momento, pelo imposto inflacionário, levando-nos ao processo de hiperinflação, depois pelo crescimento descontrolado da divida pública, seguido de forte expansão da carga tributária, de 25% do PIB para algo em torno de 35%, atualmente. E com a resistência da sociedade a um novo aumento de impostos, o governo apelou novamente à expansão da dívida pública, um dos motivos que nos levou a perder o grau de investimento.

Extraindo cada vez mais da sociedade, o governo vem devolvendo cada vez menos à ela. Enquanto o seu consumo, isto é, o custo para manter a máquina pública funcionando, já chega a 20% do PIB, o investimento da União, fundamental para o país crescer, já encolheu para menos de 1%.

Como diz o economista Paulo Rabello de Castro, coordenador do Movimento Brasil Eficiente (MBE), nem lorde Keynes, que defendia forte participação do Estado na animação da economia, concordaria com o festival d gastança pública no Brasil, que ao invés de resgatar os agentes econômicos, trata de sufocá-los, com um processo pernicioso de realimentação do Custo Brasil.

Algumas medidas estruturantes, que dependem também do Congresso, são imprescindíveis para rompermos essa trajetória insustentável. Flexibilizar o orçamento público é uma das medidas, que tem 89% dos gastos engessados, contra, por exemplo, 67% nos Estados Unidos, 64% no Reino Unido e 53% no Japão. Reformar a Previdência Social, que vem multiplicando o seu déficit, e desindexar a economia, para evitar que a inflação passada continue pressionando os gastos e retroalimentando o processo, também são imprescindíveis. Criar um Conselho de Gestão Fiscal, por sua vez, ajudaria muito na eficiência dos gastos públicos.

Temos que fazer o Estado perder as gorduras que custam caro demais à sociedade brasileira e adquirir sendo de urgência para as mudanças necessárias.

*Escrito por Carlos Rodolfo Schneider
Publicado originalmente em 19/05/2016
Fonte: Diário Catarinense e A Notícia.