Necessidade de controlar gastos públicos

Segundo o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, em palestra na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), no dia 30 de agosto, qualquer iniciativa para reduzir carga tributária deve ser precedida de redução de gastos públicos. E o melhor caminho para isso é o aumento da eficiência desses gastos, o que inclui aumento de produtividade, meritocracia, redução de desperdícios e desvios, desengessamento e desindexação do orçamento público, comprometido em mais de 90% com gastos obrigatórios, e redução do tamanho da máquina pública.

No ano de 2010, nascia na Associação Empresarial de Joinville (ACIJ), um movimento que pretendia alertar o governo, que ao continuar o vigoroso crescimento dos gastos, teríamos um colapso nas contas públicas. Mesmo com todos os benefícios que vínhamos obtendo com o boom das commodities liderado pela China que crescia 12% ao ano, e que levou a chamarem o Brasil de a bola da vez. O lançamento oficial ocorreu em julho daquele ano no auditório da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV, sob o nome Movimento Brasil Eficiente (MBE), com o apoio de Paulo Rabello de Castro, Ives Gandra, Jorge Bonhausen, Roberto Teixeira da Costa, Gastão Toledo, Raul Velloso, entre outros, em evento bastante prestigiado, inclusive pelo deputado Rodrigo Maia, quando conheceu as propostas do MBE, que são exatamente as mesmas que defendeu na palestra na Alesc.

O MBE obteve o apoio das principais entidades empresariais e não empresariais, de governadores e de outras lideranças como Mário Petrelli, Germano Rigotto, Delfim Netto, Gustavo Loyola e o senador Paulo Bauer, promoveu dezenas de encontros em todo o país, contribuiu com diversos projetos de governo, bem como as propostas de reforma, que finalmente começaram a andar com o decisivo apoio de Rodrigo Maia. Os integrantes do MBE e seus apoiadores sentem-se gratificados por terem participado desse esforço que, sabemos, ainda tem importantes desafios a enfrentar.

Publicado na Revista Business.

Responsabilidade e desenvolvimento

Uma avaliação corrente é que, por não resolver os seus problemas estruturais, o Brasil tem ficado preso na armadilha da renda média, motivo pelo qual não consegue avançar em direção ao grupo dos países desenvolvidos. Porém, mais do que isso, segundo o economista Armando Castelar Pinheiro, coordenador do Ibref/FGV, estaríamos caminhando para deixar de ser um país de renda média e voltar a ser um país pobre. Ele baseia a projeção em dados de evolução do PIB per capita entre 1985, ano da redemocratização, e 2018: crescimento de 3,4% ao ano na média das nações em desenvolvimento, 1,6% ao ano dos países ricos, 1,2% ao ano da América Latina, excluindo o Brasil, e apenas 0,9% ao ano aqui. Atribui o problema ao atraso nas reformas, o que comprometeu os investimentos e a produtividade.

A falta de ajustes, por sua vez, viria do modelo político adotado, o presidencialismo de coalizão, consequência de uma multiplicação de partidos estimulada pela Constituição de 1988. Não se forma no Congresso uma maioria estável em torno de um projeto de governo, e sim maiorias pontuais a partir de adequação de pautas e da distribuição de recursos que garantam a sobrevivência política de deputados e senadores. Isso teria levado à má alocação dos recursos no país, a pautas-bomba, ao crescimento indisciplinado do gasto público, ao baixo investimento e à baixa produtividade e, por fim, ao pouco crescimento. Sem que aos partidos políticos seja atribuída qualquer responsabilidade por isso, seja por seus atos no Congresso, ou por seus membros que ocupam cargos no governo. Partidos que têm muitos direitos, poucas obrigações e nenhuma responsabilidade. Algo a ser avaliado na reforma política.

As consequências desse modelo estão à vista, como demonstrado no relatório contábil do Tesouro Nacional de 2018. Os passivos da União (principalmente dívida pública federal, de R$ 5,7 trilhões, e déficit atuarial de R$ 1,346 trilhão na Previdência dos servidores públicos) superaram os ativos (caixa da União, créditos, participações em estatais e imóveis) em R$ 2,416 trilhões. No balanço de uma empresa, esse seria o patrimônio líquido negativo. Lembrando que temos a mais alta carga tributária entre os países em desenvolvimento, quase nenhum investimento público – que constrói as bases para o crescimento do país – e serviços públicos precários. Quer dizer, o governo cobra muito, devolve pouco à sociedade e, mesmo assim, as contas públicas estão muito no vermelho. A máquina pública passou a ser um fim em si mesma, a servir-se do público e não mais a servir o público. Porque o governo gasta muito e gasta mal. Mas também porque a Constituição de 1988 engessou o orçamento público, com gastos obrigatórios que já consomem mais de 90% do total.

Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, atualmente, toda a receita líquida do Tesouro (depois das transferências para estados e municípios) está destinada a pagar as despesas obrigatórias. Isso significa que para fazer investimento público e até para o custeio da máquina é preciso aumentar a dívida do governo. Para fazer superávit primário, que permitiria reduzir a dívida pública, não existe outro caminho que não reduzir gastos obrigatórios. Portanto, não faz nenhum sentido flexibilizar o teto dos gastos. Significaria potencializar o problema.

O secretário comenta, em artigo publicado recentemente, que no Projeto da Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2020, o Congresso Nacional passará meses discutindo como alocar apenas 7% do orçamento de 2020, uma vez que os demais 93% são despesas obrigatórias predefinidas pela Constituição e leis complementares e ordinárias. Apenas 2% da despesa primária do governo federal será destinada a investimentos em 2020 e 98% serão gastos com pessoal e custeio, na grande maioria despesas obrigatórias. Mansueto diz que o baixo nível de investimento não provém do teto dos gastos e sim do excessivo crescimento das despesas obrigatórias, das muitas vinculações e da elevada indexação do orçamento, o que aponta para a urgência de uma reforma administrativa. As alternativas, diz, são o aumento da carga tributária ou da inflação. O que significaria transferir mais uma vez a conta para a sociedade.

Para que o rabo pare de abanar o cachorro, o governo deve prosseguir com as propostas de ajuste fiscal, de desburocratização, de modernização de normas, de aumento de eficiência do gasto público e o Congresso Nacional, os partidos políticos e o Poder Judiciário devem entender a responsabilidade que têm e o muito que podem contribuir para construirmos um país desenvolvido.

Publicado no Jornal O Estado de Minas.

Necessidade de controlar gastos públicos

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, destacou, em palestra na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), que qualquer iniciativa para reduzir carga tributária deve ser precedida de redução de gastos públicos. 

Para isso, o melhor caminho é o aumento da eficiência desses gastos, o que inclui aumento de produtividade, meritocracia, redução de desperdícios e desvios, desengessamento e desindexação do orçamento público, comprometido em mais de 90% com gastos obrigatórios, além  de redução do tamanho da máquina pública.

No ano de 2010, na Associação Empresarial de Joinville (Acij),nascia um movimento que pretendia alertar o governo de que, ao continuar o vigoroso crescimento dos gastos, teríamos um colapso nas contas públicas, mesmo com todos os benefícios que vínhamos obtendo com o boom das commodities liderado pela China (com crescimento de 12% ao ano), que levou a chamarem o Brasil de “a bola da vez”. 

O lançamento oficial ocorreu em julho daquele ano no auditório da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV, sob o nome Movimento Brasil Eficiente (MBE), com o apoio de Paulo Rabello de Castro, Ives Gandra, Jorge Bonhausen, Roberto Teixeira da Costa, Gastão Toledo, Raul Velloso, entre outros, em evento bastante prestigiado, inclusive pelo deputado Rodrigo Maia, que na ocasião conheceu as propostas do MBE, que são exatamente as mesmas que defendeu em palestra na Alesc.

O MBE obteve o apoio das principais entidades empresariais e não empresariais, de governadores e de outras lideranças como Mário Petrelli, Germano Rigotto, Delfim Netto, Gustavo Loyola e o senador Paulo Bauer, promovendo dezenas de encontros em todo o país e contribuindo com diversos projetos de governo, bem como as propostas de reforma, que finalmente começaram a andar com o decisivo apoio de Rodrigo Maia. Os integrantes do MBE e seus apoiadores sentem-se gratificados por terem participado desse esforço que, sabemos, ainda tem importantes desafios a enfrentar.

Publicado em 30/09/2019 nos Jornais Diário Catarinense e A Notícia.

 

A reforma necessária para o País

Qualquer avaliação séria, isenta, não ideológica, conclui que o nosso sistema previdenciário é insustentável. Não só por sua generosidade e intermináveis fraudes, mas também pela rápida alteração do perfil demográfico da população brasileira. O demógrafo José Eustáquio Alves levantou que o Brasil envelhece mais rapidamente que a maioria dos países. Aqui, a população com mais de 65 anos deve quadruplicar (de 7% para 28%) em apenas 50 anos. Na França, por exemplo, essa mudança deve levar pelo menos 200 anos. E o nosso bônus demográfico já passou.

No que se refere ao equilíbrio das contas, em 2018, o déficit da Seguridade Social foi de R$ 280 bilhões, quase três vezes maior que os R$ 76 bilhões de 2012. Nos últimos quatro anos, o rombo alcançou os R$ 700 bilhões. Em 2019, as despesas previdenciárias devem chegar aos R$ 770 bilhões, em torno de 54% dos gastos totais do governo federal, com um déficit de R$ 308 bilhões. Comparativamente, segundo a Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados, os gastos da União com saúde, educação e segurança, em 2019, devem ficar um pouco abaixo dos R$ 230 bilhões. Uma clara distorção. O texto-base da reforma da Previdência foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Agora, segue para um teste final do plenário. Se a tramitação da reforma no Congresso se alongar, o governo pode e deve encaminhar parte das mudanças propostas pela via infraconstitucional, por meio de legislação ordinária, como medidas provisórias e projetos de lei, que requerem quórum menor, facilitando a aprovação. Podem seguir esse caminho propostas que aumentem alíquotas de contribuição ou que alterem a fórmula de cálculo de aposentadorias e pensões, inclusive o aumento do tempo mínimo de contribuição. Segue nessa linha a recém aprovada medida provisória que trata das fraudes previdenciárias, para investigar em torno de 2 milhões de benefícios “com indícios de ilicitude”, defendida com veemência pelo secretário especial da Previdência e do Trabalho, Rogério Marinho, que, aliás, tem feito um incansável esforço em prol dessa causa.

Temos que reconhecer que a proposta aprovada na CCJ representa um avanço. Por outro lado, continuamos prejudicados pelo conformismo das lideranças políticas do País com o que alegam ser as conquistas possíveis. Falta senso de urgência e obsessão para buscar o necessário.

Publicado no Jornal do Comércio – RS em 24/09/19.

Fonte: www.jornaldocomercio.com/_conteudo/opiniao/2019/09/703906-a-reforma-necessaria-para-o-pais.html

A chave do ajuste fiscal

Em palestra na Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina) na sexta-feira, 30 de agosto, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, destacou que qualquer iniciativa para reduzir carga tributária deve ser precedida de redução dos gastos públicos.

Para isso, o melhor caminho é o aumento da eficiência desses gastos, o que inclui aumento de produtividade, meritocracia, redução de desperdícios e desvios, desengessamento e desindexação do orçamento público, comprometido em mais de 90% com gastos obrigatórios, e redução do tamanho da máquina pública. Além de permitir a diminuição de impostos, a ação aumentaria a qualidade dos deploráveis serviços públicos que temos hoje e recolocaria a economia do país nos eixos com a solução da crise fiscal.

Em 2010, nascia na Associação Empresarial de Joinville (ACIJ), um movimento que pretendia alertar o governo de que ao continuar o vigoroso crescimento dos gastos, teríamos um colapso nas contas públicas, mesmo com todos os benefícios que vínhamos obtendo com o boom das commodities.

O movimento foi estruturado em algumas reuniões ocorridas na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e contou com a participação especialmente do economista Paulo Rabello de Castro, além de Raul Velloso, Yoshiaki Nakano, Roberto Teixeira da Costa, dos juristas Ives Gandra Martins e Gastão Toledo, dos Senadores Jorge Bornhausen e Paulo Bauer, do cientista político Antonio Lavareda, do diretor da Fiesp Paulo Francini e de outras lideranças como Mario Petrelli, Germano Rigotto, Delfim Netto e Gustavo Loyola.

O lançamento oficial ocorreu em julho daquele ano no auditório da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV, sob o nome Movimento Brasil Eficiente (MBE), em evento bastante prestigiado, inclusive pelo deputado Rodrigo Maia, quando conheceu as propostas do MBE, que são exatamente as que ele defendeu na palestra. É o único caminho consistente, incluindo a simplificação do caótico sistema tributário brasileiro, para reequilibrarmos as finanças e retomarmos o crescimento sustentável.

Publicado no Jornal Notícias do Dia – Florianópolis/SC em 06.09.2019