Que tal uma Secretaria da Despesa Federal?

E a história se repete. De tempos em tempos, o governo federal é chamado a socorrer estados e municípios que não conseguem pagar as suas contas. Aconteceu novamente em 2020, dessa vez por um problema de força maior, que é a pandemia. O problema é que a grande maioria dos entes federados não aproveita esses repetidos alívios do serviço da dívida para melhorar a sua situação fiscal. Normalmente, o benefício transforma-se em mais despesas de custeio e de pessoal. Foi o que aconteceu, por exemplo, com as repactuações pós crise 2008. No período de 2010 a 2016, as despesas com pessoal e custeio cresceram 10 pontos percentuais da Receita Corrente Líquida (RCL) dos estados.

Como aponta o ex-secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, o problema da grande maioria dos estados não é o peso da dívida, mas, sim, o forte crescimento da despesa com pessoal, que em muitos casos já supera 70% da RCL. E adverte: “A única solução para os estados passa, necessariamente, pela reforma da Previdência, maior controle nas contratações, mudanças no plano de carreira dos servidores, maior controle do orçamento dos poderes independentes, redução das vinculações e redução da indexação das despesas”. Diferentemente dessa recomendação, vemos nesse momento muitos estados usando o alívio de caixa proveniente do auxílio federal de 2020 e do aumento anormal da arrecadação, devido à forte reação da economia, em propostas de aumentos salariais de servidores. É a realimentação do antigo círculo vicioso, nos momentos de bonança, aumentam-se gastos fixos que não poderão ser reduzidos no próximo período de vacas magras. E quando as coisas apertarem novamente, a União voltará a ser chamada a socorrer, lembrando que quem pagará a conta no final será o contribuinte. E a história se repete com grande parte dos municípios.

Quando se discutem soluções para crises fiscais, na ausência de um crescimento econômico saudável e sustentando, duas alternativas costumam ser avaliadas: aumento de impostos x redução de gastos. Pelo contrário, a sociedade brasileira espera que, com o aumento da eficiência do gasto público, possamos reduzir os impostos, os mais elevados entre os países em desenvolvimento. O economista italiano Alberto Alesina, professor da Universidade Harvard, e um dos maiores especialistas em finanças públicas do mundo, alerta que planos de ajustes baseados em aumento de impostos levam à recessão econômica mais prolongada, e planos baseados em corte de gastos geram crescimento de longo prazo e uma pequena recessão no curto prazo. A sua teoria ficou conhecida como “contração fiscal expansionista”, e representa, segundo ele, um sinalizador de governos sérios, que buscam soluções duradouras e consistentes, Alesina ficou estarrecido quando soube que 94% das despesas orçamentárias brasileiras são obrigatórias. Todos ficam.

No ano de 2000, o Brasil havia dado um passo importante para disciplinar os gastos públicos, principalmente de estados e municípios, com a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Com o tempo, todavia, diferentes interpretações para os limites estabelecidos, inclusive por parte de Tribunais de Contas estaduais, ajudaram a reconduzir muitos estados e municípios a crise financeiras. O pior exemplo é o Rio de Janeiro, que ficou insolvente apesar dos generosos reforços conseguidos com royalties do petróleo, Olímpiada e Copa do Mundo. O que também reforça outra teoria, a de que profusão de recursos leva a desperdícios, má gestão e corrupção.

Mas importante ressaltar que faltou implantar um detalhe da LRF. O artigo 67 prevê a criação do Conselho de Gestão Fiscal (CGF), o que não aconteceu nesses 21 anos, apesar de um esforço importante do Movimento Brasil Eficiente (MBE), que conseguiu aprovar a sua regulamentação no Senado Federal por unanimidade, em 15/12/2015, por meio de projeto de lei – PLS 141/2014 – do ex-senador Paulo Bauer. Infelizmente, a Câmara de Deputados distorceu o projeto de tal maneira que o MBE entendeu não valer a pena insistir na sua aprovação. O CGF, que seria composto por representantes do poder público e da sociedade civil, teria a incumbência de acompanhar e avaliar as práticas da gestão fiscal. Seria o xerife das contas públicas, para aumentar a eficiência do gasto, condição primeira para reduzir a carga tributária, uma vez que gastos menores requerem menos impostos.

No extremo, poderíamos propor o seguinte: dividir ao meio a competente estrutura da Secretaria da Receita Federal, redirecionando uma metade para uma Secretaria da Despesa Federal, que com a mesma eficiência que a outra metade busca aumentar arrecadação, esta buscaria reduzir os gastos, de modo a termos um equilíbrio em um nível muito mais baixo de receitas e despesas. Seria uma injeção enorme de produtividade na economia, com mais investimentos, empregos de qualidade, renda e bem-estar. O mesmo vale para estados e municípios. Transformaríamos a nossa indústria de crises em uma referência de desenvolvimento econômico e social.

Publicado no jornal Estado de Minas.

Prêmio Nacional de Inovação

A Cia. Industrial H. Carlos Schneider (Ciser) foi fundada em 1959 por Carlos Frederico Adolfo Schneider para atender os clientes da Casa do Aço, loja de ferragens e ferramentas que a família Schneider possuía desde 1881.
O caminho trilhado nesses anos de história fez com que a Ciser se firmasse como a maior fabricante de fixadores da América Latina. Atualmente, a capacidade produtiva da empresa é de 6 mil toneladas por mês e os seus 27 mil produtos atendem a 20 mil clientes em mais de 20 países.
Aproximadamente, 1.500 colaboradores estão divididos entre a Ciser Parafusos e Porcas, em Joinville-SC, Ciser Automotive, em Sarzedo-MG, Ciser da China e Ciser do Peru.
A companhia completou 56 anos de fundação em 2015 e seus produtos atendem a diversos segmentos como metalomecânico, construção civil, estruturas metálicas, automotivo, linhas branca e marrom, petróleo e gás, eletrônica, varejo e atacado.
O crescimento da empresa, alcançando mercados cada vez mais exigentes, levou a Ciser a certificar-se na ISO 9001, ISO TS 16949, Diretiva Rohs, CQ19, entre outras.
A cultura empreendedora da Ciser tem seu foco em melhoria contínua e nasceu em 2003 com um projeto que perdura com sucesso ao longo desses 12 anos, denominado Grupo de Melhorias Ciser (GMC).
O GMC é formado por colaboradores que se reúnem para identificar, estudar e propor soluções para problemas específicos relacionados ao ambiente de trabalho, a processos produtivos e a à produtividade. A iniciativa “Um Toque na Cuca” da equipe de manutenção da empresa foi reconhecida na final estadual do Prêmio CNI/Fiesc, em 2009.
No ano de 2007, em posição de vanguarda no seu segmento, a Ciser destacava o princípio da inovação como elemento estratégico para o desenvolvimento de seus negócios dentro de seu modelo de gestão corporativo. A inovação passou a ser um de seus valores, norteando várias ações da companhia e com destaque em sua visão, que consiste em ser solução de classe mundial em fixadores e componentes metálicos, destacando-se pela confiabilidade, agilidade e inovação.
Em 2008, após um trabalho em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), foi criada a área de inovação com o objetivo de assumir a responsabilidade da elaboração de estratégias para implantação de um método de gestão para promover a inovação na Ciser.
Com o método definido, a empresa empenhou-se em articular uma rede de relacionamento com universidades e órgãos de fomento. O processo evoluiu rapidamente, tanto que ao final do mesmo ano obteve seu primeiro projeto aprovado em editais de fomento; ficou entre as 15 finalistas em prêmio de inovação para empresas de grande porte e conquistou o selo Anpei de empresa inovadora.
Em 2014, visando consolidar todas as iniciativas que fomentam inovação e melhoria contínua na empresa, foi criado o fórum de melhores práticas, momento em que representantes de diferentes áreas de empresas se reúnem para apresentar seus trabalhos e projetos. No mesmo ano, a empresa inscreveu-se no Prêmio Nacional de Inovação e, em maio de 2015, foi reconhecida como vencedora da categoria gestão da inovação.
Nos planos para 2016 está a finalização da transferência para a nova planta localizada em Araquari, com mais de 90 mil metros quadrados de área construída.

Atual sede da Ciser

Atual Sede da Ciser
Fonte: Acervo da Ciser

Futura sede da Ciser

Fonte: Acervo da Ciser
Fonte: Acervo da Ciser

PROJETO VENCEDOR:

PROGRAMA NÚCLEO DE
INOVAÇÃO CISER

O pionerismo em ações inovadoras está presente na Ciser desde a sua fundação e vem sendo transmitido de geração em geração. É muito forte o engajamento das lideranças em prol das ações estratégicas para inovação, cujo exemplo vem do presidente, senhor Carlos Rodolfo Schneider, o filho do fundador da empresa. Esse engajamento se estende a um time de colaboradores que veste a camisa da inovação, fazendo o necessário para a empresa produzir mais e melhor com menos recursos, desenvolvendo inovações que possibilitem a conquista de mercados, pela oferta de soluções que tragam algo de novo ao fixador – presente há séculos entre nós.
A cultura da inovação foi fortalecida nos anos 1990, quando a Ciser implementou ferramentas da qualidade inspiradas nos manuais japoneses, como os Círculos de Controle de Qualidade (CCQs), que, em 2003, se consolidaram no programa Grupos de Melhorias Ciser (GMC).
Com esses grupos, os próprios colaboradores assumem parte da responsabilidade pela busca do aperfeiçoamento constante das operações – o que pode exigir desde pequenas alterações no uso de uma máquina até mudanças complexas em processos de produção. Além de benefícios em prêmios, os colaboradores que atuam nos grupos e se comprometem com a filosofia da empresa são reconhecidos publicamente – medida importante para a consolidação de qualquer cultura organizacional.
Os grupos conseguiram implantar na companhia a cultura pela busca de melhores práticas e para consolidar que a inovação é um processo contínuo. A equipe mostra que esse trabalho tem dia para iniciar, mas não tem uma data prefixada para terminar. Dizem, ainda, que eventuais insucessos devem ser vistos como oportunidades de aprendizado e de melhoria, nunca como fracassos.
O crescimento da empresa levou à necessidade de sistematizar essas ações inovadoras e nesse período uma mudança organizacional foi fundamentas para consolidar a Ciser como empresa inovadora.
A primeira mudança foi a revisão de identidade empresarial, com a introdução da inovação como um valor estratégico para nortear as suas atividades. Após isso, foi criada a área de inovação com o objetivo de gerenciar as iniciativas em inovação da empresa, seja em projetos internos, como também nas oportunidades do “portão para fora”.
Nessa fase de transição e de mudanças significativas foi fundamental a parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), para realização de um diagnóstico que ajudou a Ciser a definir e implantar um método de gestão alinhando todas as atividades de inovação na empresa.
O grande desafio está em estimular a criatividade dos colaboradores. Para ajudar a fomentar essa criatividade, a empresa promovo encontros com fornecedores e clientes, participação em workshops de inovação, mantém uma biblioteca com acervo acessível a toda empresa e também criou um portal da inovação na intranet para compartilhar notícias sobre o tema.
Na Ciser há vários canais para entrada de ideias e todas são centralizadas e aprovadas por um comitê de inovação formado por colaboradores da alta gestão da empresa.
As ideias são geradas internamente por meio dos canais de comunicação com universidades, clientes e inventores. A equipe interna é multidisciplinar e tem liberação para trabalhar quatro horas semanais em inovação. Posteriormente, as ideias são aprovadas por um comitê.
Na prática, o processo de inovação começa com discussões internas, que podem utilizar fontes de informações externas, em que surgem ideias de novos produtos e/ou processos, sendo estes submetidos à aprovação prévia tanto técnica como comercial, denominada viabilidade do negócio.
A partir dessa pré-análise, o projeto é submetido ao comitê de inovação que, após aprovar o projeto, designa o “padrinho do projeto”. Esse padrinho, em conjunto com o time de inovação, definirá todas as etapas do desenvolvimento, bem como cronograma de trabalho e custos envolvidos no projeto.
Durante o desenvolvimento, os projetos passam por simulações numéricas no intuito de verificar falhas e corrigir possíveis defeitos. Também contamos com uma estrutura interna de máquinas para fabricação de protótipos e com parceiras externas, quando, por exemplo, há necessidade de impressão de protótipos em 3D.
Ensaios mecânicos e químicos são realizados no nosso laboratório e análises mais específicas são realizadas em centros de pesquisa.

Equipe Ciser

Fonte: Acervo da Ciser
Fonte: Acervo da Ciser

Fluxograma do Método de Inovação Ciser

Fonte: Acervo da Ciser.
Fonte: Acervo da Ciser.

O desenvolvimento do projeto segue três stage gates principais: Fase Zero, Fase 1 e Fase 2.

  • A fase zero consiste na aprovação da ideia realizada pelo Comitê de Inovação.
  • A fase 1 é a aprovação da execução do projeto e construção de protótipo.
  • A fase 2 é a implantação do projeto.

Depois de implantado, é feito monitoramento dos resultados do projeto por três anos, sendo registrado como um produto de inovação.
Na Ciser, os colaboradores que se envolvem em projetos de inovação são reconhecidos de forma monetária pela aprovação da ideia, pelas horas utilizadas no desenvolvimento do projeto, pela finalização do projeto e com percentual de vendas da inovação.
Com o desenvolvimento do método de inovação na empresa, o faturamento anual de novos produtos passou a representar 12% do faturamento total, com o objetivo de chegar a 30%.

Fonte: Acervo da Ciser
Fonte: Acervo da Ciser

“Inovar é criar oferta de valor diferenciada tanto a partir dos processos atuais como na direção da fronteira do conhecimento.”
CARLOS RODOLFO SCHNEIDER
Presidente

Publicação dos Resultados Edição 2014/2015 – SEBRAE e Confederação Nacional da Indústria

Movimento Brasil Eficiente presente na primeira edição do Foco Econômico

Carlos Rodolfo Schneider, coordenador do Movimento Brasil Eficiente (MBE) e presidente da Ciser, participou da primeira edição do Foco Econômico, um painel que reuniu empresários de Santa Catarina em Florianópolis para discutir o cenário atual e as perspectivas para a economia em 2016.

O evento foi promovido pelo jornal O Diário Catarinense. A colunista de economia do jornal, Estela Benetti, mediou um debate entre Carlos Rodolfo Schneider , Décio da Silva, presidente do conselho de administração da WEG e Mário Lanznaster, presidente da Aurora.

Antes do debate, os convidados tiveram alguns minutos para falar sobre seus projetos. Após Décio da Silva, Carlos Rodolfo Schneider apresentou o Movimento Brasil Eficiente, criado há seis anos.

Carlos falou da importância do câmbio, principalmente da sua estabilidade, também da situação política, que apresenta um cenário imprevisível, e da crise fiscal, que foi o motivo para a criação do MBE. Schneider lembrou ainda que países como Alemanha e Estados Unidos criaram mecanismos para controlar as despesas do país e da importância da Lei de Responsabilidade Fiscal que ainda não foi regulamentada no Brasil.

Além do debate, a primeira edição do Foco Econômico rendeu um caderno publicado na edição impressa do Jornal Diário Catarinense.