Presidente da Ciser recebe Ordem do Mérito Industrial

O empresário Carlos Rodolfo Schneider, presidente da Ciser e coordenador nacional do Movimento Brasil Eficiente (MBE), recebeu, na manhã de sexta-feira (19/05), a Ordem do Mérito Industrial, na sede da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc). A comenda é entregue anualmente pela entidade a personalidades que se destacam nos setores público e privado.

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Gastos Eficientes

Os tão decantados direitos adquiridos muitas vezes são regalias incompatíveis com a realidade do país

No período de 2015-2016, amargamos uma queda do Produto Interno Bruto próxima de 8%, a mais profunda recessão da série histórica de registros do desempenho do PIB do país. Com queda da renda per capita de 10%, algo muito grave para quem está querendo se libertar da armadilha da renda média. Estamos pagando esse preço elevado não por causa de crise internacional, como foi alegado por muito tempo, mas sim pela demora em identificar e atacar o cerne do problema, que foi a deterioração das contas públicas. Na esteira do período de prosperidade na década passada, esse sim alavancado por um mercado internacional de commodities muito aquecido, promovemos um aumento irresponsável de gastos públicos permanentes, isto é, gastos que não puderam ser ajustados no período de contração da economia que veio a seguir. Segundo dados do Tesouro Nacional, no período de 1998 a 2015, para um crescimento médio da inflação de 6,6%, as despesas do governo federal tiveram as seguintes taxas de expansão: pessoal, 10,1%; discricionárias, 12,7%; RGPS, 13,2%; e outras obrigatórias, 21,2%. Cresceram, praticamente, o dobro da inflação. Os maiores desajustes são, de um lado, a inconveniente pressão das despesas obrigatórias e, de outro, o inadequado e recorrente sacrifício dos investimentos, imprescindíveis ao crescimento do país, e sempre os primeiros a ser cortados em épocas de ajustes. Sem um profundo ajuste fiscal não há como recuperar a capacidade de crescimento.

Portanto, recuperar empregos de forma consistente e duradoura, significa fazer reformas como o já aprovado teto dos gastos e a reformulação da Previdência que tramita no Congresso. O problema é que reformas, especialmente as que reduzem gastos, significam perdas de direitos, dos tão decantados direitos adquiridos, que muitas vezes são regalias incompatíveis com a realidade do país. Experiências europeias mostram que reformas focadas em cortes de gastos, como na Espanha e Irlanda, vêm levando a recuperações econômicas mais robustas do que as que optaram pelo aumento de tributos, como a italiana. No Brasil, temos, de um lado, uma carga tributária que, mesmo impactando mais uns do que outros, já é extremamente pesada para todos, e, de outro lado, um rol interminável de exemplos de uso inadequado de recursos públicos. Basta olhar a educação, constantemente mencionada como vítima de falta de recursos. No período de 2004 a 2014, a despesa do Ministério da Educação cresceu 300% acima da inflação. Desde 2007, a pasta admitiu mais de 100 mil servidores, 26 vezes mais do que nos 10 anos anteriores. O professor Bem Ross Schneider, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), afirma que, devido à falta de eficiência, a qualidade da nossa educação não é compatível com os gastos da área. Sugere, por exemplo, enfrentar a pressão dos sindicatos para poder remunerar melhor os professores de bom desempenho e demitir os que não tenham condições de dar aulas. Outra distorção, entre muitas, é a universidade pública gratuita para estudantes ricos, um benefício que deveria ser reservado aos de baixa renda.

É fundamental avaliar que tipo de retorno trazem os gastos públicos. Ver o que funciona ou não. Países como a Austrália comparam resultados com as metas traçadas para cada programa, o que permite a reavaliação ou mesmo a extinção dos que deixam de fazer sentido. Temos que olhar os exemplos de governos que não jogam nos ombros das famílias e empresas todo o peso de esforços necessários ao enfrentamento de crises, provocadas normalmente pelos próprios Estados obesos e ineficientes. O atual governo no Brasil tem demonstrado entender isso.”

 

Publicado no Jornal O Estado de Minas em 12.04.2017

Importância relativa da taxa de juros

A redução da taxa de juros no país tem animado alguns agentes econômicos e contribuído para melhorar a confiança do mercado. Mas é preciso ter cautela porque juros são estímulos de curto prazo. No longo prazo, só os investimentos e as reformas garantem crescimento. Taxa básica de juros não se baixa por decreto ou por vontade do Banco Central. A política monetária apenas adequa o seu passo às virtudes ou às estrepolias da política fiscal. Isso é, se o Estado gasta muito, necessariamente os juros sobem e a dívida pública vai junto. A não ser que se recorra ao aumento de impostos, se ainda houver espaço para isso.

Nos últimos anos, antes do atual governo, o excesso de gastos públicos correntes levou a um coquetel de medidas, que resultou na maior carga tributária entre os países emergentes, na maior taxa de juros do planeta e colocou a dívida pública em rota explosiva, minando, perigosamente, a competitividade e o crescimento do país. Foi, segundo o economista Paulo Rabello de Castro, cofundador do Movimento Brasil Eficiente (MBE), um processo pernicioso de extração de produtividade do setor privado para cobrir aumento de gastos do poder público. A herança mais marcante: os 13 milhões de desempregados.

Não só a União foi perdulária com os recursos arrecadados via impostos e dívida. Segundo dados do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do setor Público Brasileiro (Siconfi), 77% dos municípios brasileiros vinham gastando mais do que arrecadavam no primeiro semestre de 2016. Muitos estados também não têm conseguido fechar as contas. Com o crescimento da folha de salários, eles consomem mais da metade da receita corrente líquida com despesas de pessoal, problema agravado por aposentadorias especiais e outras anomalias.

Yoshiaki Nakano, diretor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/EESP) e um dos fundadores do MBE, aponta que, no período de 1997 a 2014, o gasto com juros do setor público atingiu uma média de 6,1% do PIB, contra 1,98% dos países desenvolvidos e 2,44% na média, dos países emergentes. E, em 2015, nossos gastos chegaram a 8,5% do PIB. Nakano afirma que a reforma fiscal será a mãe das demais reformas necessárias, condição para a equalização da nossa taxa de juros à dos demais países, e também para fixarmos uma taxa de câmbio mais estável e competitiva, sem o que a expansão da economia ficará comprometida.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou uma proposta de Consolidação Fiscal e Aumento da Produtividade que, entende, permitirá a recuperação do crescimento do país. Entre as medidas, constam: PEC do teto de gastos, já aprovada no Congresso, para permitir a estabilidade fiscal a longo prazo e reduzir a necessidade de expansão da carga tributária; reforma da Previdência, buscando a solvência do sistema e a convergência aos padrões internacionais; revisão dos programas de governo, apara avaliar desempenho e permitir eficiência; racionalização da política orçamentária; fortalecimento da Lei de Responsabilidade Fiscal; e regulamentação do Conselho de Gestão Fiscal (CGF).

Destaco a iniciativa do MBE, que propôs a criação do CGF por meio do PLS 141/14, do senador Paulo Bauer, aprovado por unanimidade no Senado e agora tramitando na Câmara de Deputados como PLP 210/2015, reforma tributária, buscando simplificar, aumentar a eficiência e reduzir o contencioso, também aqui, o MBE tem proposta consistente que tramita no Congresso Nacional; redução da burocracia e reforma do Estado, para que o foco volte às atividades essenciais e serviços à sociedade, dando aos gestores públicos os instrumentos  necessários a um trabalho orientado a resultados; e modernização das leis trabalhistas como condição para a competitividade das empresas.

Recuperar capacidade de crescimento é um pouco mais complexo do que reduzir taxa de juros, que, na realidade, depende da coerência da política fiscal. Experiências em diversos países já demonstraram que ajustes fiscais baseados em contenção de gastos promovem taxas de crescimento muito mais robustas do que aqueles amparados em aumento de tributos. Para evitar crises fiscais como a atual, os governos deveriam criar reservas, por meio de superávits primários consistentes, nos períodos de prosperidade, para poderem enfrentar os períodos difíceis que sempre vêm. Isso requer do gestor público um olhar constante além da próxima eleição.”

 

Publicado no Jornal Correio Braziliense em 13/04/17.

Dispensamos a contribuição da indústria

O Relatório Geral de Competitividade Global 2016-2017, do Fórum Econômico Mundial, indica que o Brasil perdeu seis posições em relação ao levantamento anterior, passando para o 81º lugar entre 138 países avaliados. Entre os Brics, África do Sul ocupa a 47ª posição, a Rússia a 43ª, a Índia, avançando 16 lugares, chegou ao 39º lugar e a China mantém a melhor posição, a 26ª. Desde 2012, nós já perdemos 33 posições na competitividade internacional, e em algumas rubricas estamos muito mal na fotografia: desperdício de dinheiro público (125ª), deterioração do ambiente macroeconômico (126ª) e desvio de dinheiro público (135ª). E a falta de competitividade desestimula fortemente os investimentos privados, criando um círculo vicioso que gera recessão.

A indústria de transformação certamente é a maior vítima dessa recessão. O seu peso médio no valor adicionado total (PIB) no primeiro semestre de 2016 caiu para 10,9%, de 15% em 2010 e 17,4% em 2005. Isso significa, segundo estudo do professor Nelson Marconi, da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV), que no período 2005-2010, a economia brasileira cresceu não em torno do centro dinâmico da atividade produtiva, e, sim, apoiada em segmentos de baixa produtividade do setor de serviços como o comércio, que inclusive contribuem proporcionalmente menos para a arrecadação de impostos. Essa perda de relevância do setor industrial, segundo Marconi, ajuda a explicar a recessão e a própria crise fiscal.

Yoshiaki Nakano, diretor da EESP-FGV, lembra bem que as empresas só investem se conseguirem enxergar, no longo prazo, um retorno razoável e destaca a importância também de um câmbio competitivo e, especialmente, estável. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), por outro lado, aponta os investimentos da indústria em 2015 e 2016 foram os menores desde 2010. E o seu presidente, Robson Braga de Andrade, ressalta que “obstáculos tributários e trabalhistas travam o espírito empreendedor e retiram condições de se produzir mais e de gerar empregos de qualidade”.

Portanto, as políticas públicas dos últimos anos, ou a falta delas, têm feito encolher fortemente a indústria de transformação, um dos setores com maior potencial para ofertar empregos de qualidade e contribuir para o aumento da nossa produtividade e para o crescimento da economia do país.

 

Publicado no Jornal Diário Catarinense e A Notícia em 07.04.2017